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23/04/2008

 

A difícil e divertida arte de improvisar  em nova temporada de jogos dos palhaços-atletas do grupo Jogando no Quintal.  Por: Viviane Fuentes

Fotos:Alexandre Perroca

De volta a São Paulo, o 'Jogando no Quintal' traz novas palhaçadas no Teatro do Colégio Santa Cruz e, apesar dos jogos não serem mais num ambiente externo, recebem mais de mil convidados por final de semana.

Quem falar em voz alta que não precisa ser ator para improvisar corre o risco de querer nunca ter aberto a boca. Sem dúvida, todo mortal pode improvisar, mas com desenvoltura e assiduidade?

Os palhaços do grupo “Jogando no Quintal” são especialistas nessa arte. Há seis anos tem platéia cativa que participa dos jogos de improvisação e se debruça em risos com o resultado de partidas hilárias.

O grupo começou lotando pequenos quintais rococós, com pitangueiras e chão de cimento, nos bairros de Perdizes e Vila Romana, por isso o nome “Jogando no Quintal” que resume o conceito e essência dessa trupe.

Entre 2006 e 2007, saiu de cena para descansar e viajar por cidades do interior do Brasil, e aproveitou o tempo para fazer pesquisa teatral, reciclar e participar de campeonatos de improvisação na América Latina.

Ganhou o “Campeonato Jogando no Quintal, edição Latina Americana 2006” dos grupos Acción Impro (Colômbia) e da Liga Profesional de Improvisación (Argentina), superando os próprios mestres, na Argentina.

E, finalmente, tem patrocínio das marcas Adidas e Volkswagen para continuar a se dedicar à pesquisa permanente da linguagem do palhaço e da técnica de improvisação teatral.

Nova temporada e novos 'convidados'. Velhos fãs acompanham o grupo desde 2000 e já assistiram a dezenas de jogos. Porém o público do Jogando está renovado, o que gera mais frescor aos jogos dos palhaços-atores.

Para o espectador tímido, que não gosta de ser envolvido e exposto em brincadeiras, como ser solicitado a responder ou sugerir um tema no meio da platéia, isso não é um empecilho para não assistir ao Jogando no Quintal.

Os palhaços são generosos e já no início do espetáculo, o juiz João Grandão, um palhaço magrelo e alto, leve como folha, dedica o jogo a uma pessoa muito especial que pode ser qualquer um da platéia.

Grandão também oferece a partida do dia às “pessoas”, pois elas são especiais. E por que são especiais? “Porque são pessoas, porque o mundo é feito de gente” – arremata o juiz, encarnado por Marcio Ballas, um dos fundadores do grupo.

Cizar Park, Emily, Olímpio, Chabilson, Comendador Nelson, Adão, Manjericão, Manela, Mademoiselle Blanche, Rubra e Fonseca, são palhaços condecorados em toda a América Latina na arte do improviso e elencam o Jogando no Quintal.

Cezar Gouvêa, Vera Abud, Cláudio Trebas, Allan Benatti, Nando Bolognesi, Paulo Federal, Marcio Ballas, Eugênio La Salvia, Paola Musatti, Rhena de Faria, Luciana Lopes e Marco Gonçalves, são os atores que encaram o desafio do jogo do improviso.

Apesar de ser para “adultos”, o espetáculo é recomendado para crianças a partir de 10 anos que podem não entender tudo, mas se divertem. Se você quer ir e não tem com quem deixar o pimpolho, cartão verde para levá-lo.

Com partidas únicas, uma diferente da outra, nenhum espetáculo é igual, o improviso é criado pelos palhaços conforme tema sugerido pela platéia no dia e na hora. E, quando o cinto aperta e o branco é total, os palhaços não se intimidam e apelam para a cara de pau mesmo!

Certamente improvisar é uma arte para poucos e nem todo ator se sai bem no exercício da rapidez do raciocínio. Mas os palhaços-atletas do Jogando no Quintal são profissionais nessa categoria, e vale a pena conferir!

 

 

Palhaço Fonseca  em cena ocorrida no jogo do dia 13/04/08

 

 

Improvisar antes do Improviso

No momento do Jogo das Letras, o juiz João Grandão fala com uma garota que está no mezanino:

- Como se chama seu nome? – pergunta, brincando com o pleonasmo.

- Sheyla. Sheyla com Y.

E, espontaneamente, a garota se mostra interessada no palhaço Fonseca. Sorri e abana a mão para ele. O palhaço retribui:

- Prazer. Sou Fonseca. Com S.

A platéia ri.

Mais tarde, a letra escolhida para Fonseca improvisar - começar e finalizar uma frase com ela - é o X. O palhaço não perde a oportunidade, joga o olhar para cima em direção a Sheyla e pisca para ela:

- X de Xeyla!

O juiz impressionado diz algo parecido para o “casal”:

- Nossa! O universo conspira...

A platéia já está a se estrebuchar de rir.

E ainda nem começou o jogo do improviso.

 

   
   

Para saber dos próximos jogos: www.jogandonoquintal.com.br