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, o diário de bordo que funciona de vez em quando!

Pseu de Outras Vezes

* pseu da vez...do mês

12/01/2009 - Borracha na entrada de 2009!

04/12/2008 - Bastidores de mãe!

18/03/2008 - O que nossas avós não contavam

17/10/2007 - Dublê da Mulher Maravilhar: Vivi

23/08/2007 - O catador de papelão e a marvada pinga: pros lados é que se vai!

18/06/2007 - Cães dóceis, vizinhos raivosos   

02/05/2007 - Pra quem não tem sobrenome de lastro, apelido!

09/04/2007 - Fila, cultura brasileira: em exibição...

05/03/2007 - Rugas, por  que não te quero?

05/03/2007 - Quem é a irmã bastarda?

18/01/2007 - Super gatos, galãs e gatos-gato!

12/12/2006                            Yerma do Agreste

08/10/2006                            Bulímica é a madrasta!

04/09/2006                            Sogras são colonizadoras

01/08/2006                     Cometo gafe, e você não?

01/06/2006                     Jack, meu vício, Ulisses, minha meta

15/10/2005               Comigo  ninguém Pod!

30/08/2005                        Um segredo, um touro, várias vacas

11/07/2005              Segunda-feira no parque

20/06/2005              Compras sem culpa não tem graça!

31/5/2005                      Tipos, publicidade e viva Gerard Depardieu!

11/5/2005            Champanhe e literatura fraco da corda.

 

17/10/2007 - Dublê da Mulher Maravilha Por: Viviane Fuentes

A família está completa: cachorro, gato, bebê – papagaio não há, mas em nosso pomar pousam maritacas, sabiás-laranjeira, bem-te-vis... Ah, e pombas-rolinhas que o gato insiste em trazê-las despenadas para dentro da cozinha – talvez pense em cozinhá-las na ceia de Natal.

Sinto-me muito sexy quando logo de manhazinha entro na cozinha, de calcinha, soutien e cinta - hábito que adquiri ao dormir depois de dar a luz, antes somente pelada em prol do matrimônio - e me preparo para alimentar a família - em nosso universo não existe fome, sobra amor.

O bebê recém-nascido conforta-se em meu braço, está a sugar leite quentinho, entro em ação, com o outro braço que não o segura, ligo a cafeteira de expresso. O gato mia, quer carinho. O cão abana o rabo, quer comida. Jogo um osso-biscoito para ele. Faço carinho com meu pé na gata.

Onipotente, sou venerada tal qual um posto de leite itinerante, a criança pára abastece e sacia anseios, tocando seu mundo. Não me falta leite, mas não o vendo. Ao sair nas ruas, percebo a gula dos homens em querer secá-lo– o posto fica entre o colo e o pescoço, uma vitrine viva.

Personificando a mulher amada por todos os lados, sou requisitada pela humanidade em breves momentos que suprem a ambição e a vaidade do Homem. Instantes que ignoram o estresse, cólica e as hemorróidas - sim, eu sei, não se pode abreviar a vida assim, senão ela seria um tédio... E daí?

Mas juro! Não desejo ter um iate atracado em meu quintal, roupa nova dependurada no cabide todo o mês, tomar um porre dia sim dia não, pinga ou Coca-Cola. Juro! Não me carece ter quilates de ouro ou diamante no corpo, apenas um delicado Baccarat já satisfaz.

Ao ler atrocidades do mundo na internet, sei que nenhum super-herói as resolveria todas. Mas em casa sou dublê da Mulher Maravilha. Domino o laço mágico, com ele faço sumir o frio ou a cólica do bebê. Meu talismã é o bracelete de ferro e, cruzando os pulsos, rebato e afasto o mal-olhado, alienígena ou não, que há na Terra.

Dou ração para a bicharada. Para mim, brioche! Em posição acrobática extraio expressos da cafeteira e, ainda, com elegância de equilibrista, levo duas xícaras ao quarto com o bebê dependurando no mamilo feito piercing. Acordo o marido que sorri ao ver sua cria, que sorri ao ver a mulher que traz o café ternamente.

Logo após, rodopio, sou convidada ao banho e despem-me o maiô imaginário, estrelado e acinturado, despem o intenso e frágil, por vezes raivoso, ser que sou e ainda há tempo para discutir sobre o sucesso da firma que vai de vento em popa – cogitamos envasar o leite da ternura e fazer fortuna com ele num próximo verão. (FIM)