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, o diário de bordo que funciona de vez em quando!

Pseu de Outras Vezes

* pseu da vez...do mês

12/01/2009 - Borracha na entrada de 2009!

04/12/2008 - Bastidores de mãe!

19/05/2008 - Na minha boca não!

18/03/2008 - O que nossas avós não contavam

17/10/2007 - Dublê da Mulher Maravilha Por: Vivi

23/08/2007 - O catador de papelão e a marvada pinga: pros lados é que se vai!

18/06/2007 - Cães dóceis, vizinhos raivosos   

02/05/2007 - Pra quem não tem sobrenome de lastro, apelido!

09/04/2007 - Fila, cultura brasileira: em exibição...

05/03/2007 - Rugas, por  que não te quero?

05/03/2007 - Quem é a irmã bastarda?

18/01/2007 - Super gatos, galãs e gatos-gato!

12/12/2006                            Yerma do Agreste

08/10/2006                            Bulímica é a madrasta!

04/09/2006                            Sogras são colonizadoras

01/08/2006                     Cometo gafe, e você não?

01/06/2006                     Jack, meu vício, Ulisses, minha meta

15/10/2005               Comigo  ninguém Pod!

30/08/2005                        Um segredo, um touro, várias vacas

11/07/2005              Segunda-feira no parque

20/06/2005              Compras sem culpa não tem graça!

31/5/2005                      Tipos, publicidade e viva Gerard Depardieu!

11/5/2005            Champanhe e literatura fraco da corda.

 

12/01/2009 - Borracha na entrada de 2009! Por: Viviane Fuentes

- Quais são seus desejos para 2009?

- Sou uma mulher modesta. Entrar no ano novo bêbada já está ótimo!

- E o que mais além disso?

- Que o frisante não seja Cidra Cereser e que vinho não seja Chapinha, assim me escondo da ressaca.

... E assim foi, meu voto para o 1º dia do ano. E assim, desejo atendido. Borracha na entrada de 2009, com a família, os amigos, embebida de muitas taças de champanhe, vinho branco, rosé, tinto, amarelo e cinza.

Do jeitinho que o diabo gosta. No final da festa nem conseguia distinguir as cores dos vinhos. Nem mesmo ter certeza de que, aquilo que eu bebia, era líquido, frisante, vinho, destilado. Ou perfume.

Debutei uma verdadeira esbórnia glutona. Parma, salmão defumado, salada de folhas, pato com laranja, cheescake de goiabada, tarte tatin (torta de maçã às avessas), docinhos para acompanhar o café... Fartura. De colesterol também.

Tudo isso a rigor, é claro. Estava com calcinha nova e branca. Porém sentei-me sem querer numa romã esquecida no sofá, que manchou, meu vestido, minha calcinha de R$ 19.90. O sofá do anfitrião. Tudo rosadinho.

Não tem preço passar o réveillon com amigos, e acertar um deles com o caroço de cereja, ejetado pela minha própria boca, para receber ameaça de guerrilhas travessas para o ano inteiro!

Mas a vida não é tão rasa. Nem tudo é simples e perfeito assim. Não somente da luxúria vivem as pessoas. São acometidas pelo vazio, uma imensidão branca, aquelas que somente focam nisso.

Ou, como eu, são arrebatadas por um simples telefonema. Castigada pela cobiça de desejos fúteis.

Depois de dormir e acordar num ano totalmente novo, recebi uma ligação. Quase um chamado. Uma intervenção divina que apontou, com dedo rígido, um defeito que tenho desde a minha tenra infância. O escondo com muita maquiagem.

Quem melhor para isso que não minha própria mãe? Ninguém melhor do que ela para revelar imperfeições familiares. Algumas mães são tão boas nisso que deveriam reverter talento em profissão remunerada. Tão afiadas que são.

Que redator, numa ressaca de lascar, se importa com a nova gramática, depois de ser colocada no paredão por sua própria progenitora? Ele se preocupará com os hífens da vida que nem os gramáticos sabem onde colocar?

Ao telefone, minha mãe exigiu que, pela menos uma vez na vida, eu ouvisse e me calasse, que pensasse e me calasse. E desenterrou: "Quando você era criança, Viviane, eu te ensinava e dizia "seja fina, Viviane" e depois perguntava:

- Viviane como uma moça deve ser? - e você, Viviane, respondia:

- Fina... E grossa!

Mantive-me muda, como me foi ordenado. Minha mãe continuou: “E é isso que você é, Viviane. Uma grossa! Quando ganhar presente limite-se ao muito obrigada. Ninguém está interessada em sua opinião (negativa) sobre aquilo que lhe foi dado”.

Diga apenas MUITO OBRIGADA ao ganhar presentes!

...

...

Pasma, sem esperar que esse meu ser perfeito poderia ter despertado a fúria familiar com minha língua enorme, dei um jeito de encolhê-la, recolhê-la, feito tampa de lata de sardinha que se abre.

Mas uma dúvida pairou no ar, mas não tive coragem de perguntar, me aconselhar. Mas e se o comentário sobre o presente for positivo, pode comentar? O que diz o manual da etiqueta? O que a Socila diz?

(por favor, se você souber a reposta, me envie um e-mail, estou confusa... e minha mãe me mandou calar, nem pude perguntar...)

Ao desligar o telefone, depois de secar minhas lágrimas num lençol sem lavar há dias, refleti, refleti e caspa virou mandiopã, como escreveu Marcelo Rubens Paiva em “Feliz Ano Velho”.

Moral da história: No Ano-novo não deseje apenas  tomar um porre. Deseje mais humor ao mundo, e prospere trabalho, reconhecimento, dinheiro e lexotan.

E eu gostaria de agradecer meus amigos, especialmente, pela tolerância, carinho e champanhe, e me desculpar se um dia dei reclamei do presente que me foi dado. E já deixar a dica para as próximas.

Se forem me dar presente que não seja falsificado ou de repasse (aquele que sua avó deu pra você que repassou para a empregada que repassou para o porteiro que repassou para você que repassou para mim).

E, o mais importante, para não errar mesmo, se for  champanhe que seja a Moet Chandon Milésime, que tem rótulo verde e é raríssima, quase impossível de ser encontrada. (FIM)